Olá! O Povo preto e pobre segue na linha, da luta e do tiro, quer de borracha quer de miliciano nas favelas e metrópoles Brasil adentro.
A PM pernambucana promoveu um verdadeiro ato de agressão gratuita aos participantes das manifestações de sábado no Recife. Deixou duas pessoas gravemente feridas e cegas. Violência semelhante as das ditaduras latino americanas nas décadas de 70 do século passado. Como veem, não avançamos em nada.
Partindo daquela máxima de que o Estado brasileiro deu certo, ao menos para setores burgueses da sociedade, e ovacionado por uma classe média embebida de premieres e outros quitutes eletrônico, a massa do povo segue seu destino sob a política repressiva do Estado com o aval conveniente da grande imprensa brasileira que só tem a ganhar, salvo algumas exceções que vê na reencarnação a salvação da vida eterna.
Os jornalões conservadores de sempre se omitiram criminosamente ao deixar de informar as manifestações de sábado. Numa posição flagrante de ideologização semelhante ao de seu parça de 2018,Bolsonaro.
Luiz Eduardo Soares para o jornal
O dia 29 de maio de 2021 foi glorioso para a resistência antifascista no Brasil. A escala das manifestações nas ruas, apesar dos riscos provocados pela pandemia, representa um marco de magnitude histórica. Por outro lado, no dia seguinte, a grande imprensa nos ofereceu, mais uma vez, o retrato perturbador de suas próprias vísceras expostas. As capas do Globo e do Estadão destacam o “reaquecimento do PIB” e a “reinvenção das cidades turísticas”, respectivamente. A Folha foi mais digna: “Milhares saem às ruas contra Bolsonaro pelo país”, ao lado de foto razoável, embora a reportagem na página A-12 seja decepcionante, um símile político da matéria risivelmente provinciana sobre o jogo da véspera, o empate entre São Paulo e Fluminense.
Como interpretar as escolhas editoriais? O que elas nos dizem sobre a posição das elites e seus cálculos? O que o silêncio eloquente confessa? A comparação com 1984 é trivial, mas pertinente. A Rede Globo custou a admitir a existência do maior movimento de massas até então. Por que? Ainda defendia a ditadura? Não, naquele momento não se tratava de abraçar-se ao cadáver insepulto do antigo regime, mas de disputar a direção política do futuro, a hegemonia do dia seguinte, o comando do processo de transição.
O que torna as coberturas das manifestações de 29 de maio de 2021 e as de 2016 tão diferentes? Quantas vezes assistimos, perplexos, a reportagens ao vivo da GloboNews sobre protestos anti-Dilma em pequenas cidades do interior, nas quais repórteres constrangidos, ante imagens de praças vazias, se esforçavam por convencer os telespectadores sobre a relevância histórica dos acontecimentos que testemunhavam. Tratava-se de objetividade jornalística ou de engajamento na campanha contra Dilma? O endosso absolutamente acrítico à Lava-Jato, dando curso aos vazamentos que provinham dos acusadores, pingando a conta-gotas nos momentos estrategicamente “oportunos”, concorreu para a exclusão de Lula da disputa, a demonização da política e a emergência da mais torpe e vil presidência de nossa história.
O remédio converteu-se em veneno, porque foram com muita sede ao pote do golpismo, celebraram o pacto fáustico com os apetites mais selvagens em nome da “Ponte para o Futuro”, tornaram austeridade, desregulamentação, meritocracia e minimalização do Estado o credo supremo de sua comum veneração, dispuseram-se a confundir combate à corrupção com a versão cínica de uma suposta guerra santa da sociedade contra o Estado.
Qual a finalidade do embuste estampado sem pudor, nas manchetes de hoje? Abraçar-se ao cadáver adiado do fascismo brasileiro? Não, esses órgãos têm sido críticos do governo. Trata-se, a meu juízo, como em 1984, guardadas as óbvias diferenças, de disputar a direção política do futuro, o comando do processo de transição para o pós-Bolsonaro. Com ou sem Lula, até onde irá a reestruturação do Estado, em todos os níveis? Quais as posições relativas dos principais atores econômicos? Qual será a inserção do Brasil no mapa geopolítico? Que posição lhe caberá na divisão internacional do trabalho e da produção? Até onde nos levarão os movimentos negros, feministas, por moradia, pela terra? Haverá ou não – e a que preço”; com quais consequências?- o enfrentamento ao que tenho denominado “enclave antidemocrático” da segurança pública e da Justiça criminal?
Enquanto o povo vai às ruas, as elites se recolhem, planejando seus lances, e começam, tudo indica, a examinar a hipótese QUEREMISTA: Pós-Bolsonaro com Bolsonaro. Não duvidem, meus amigos, minhas amigas: o ardor moralista desses vetustos patriotas é tão volúvel quanto são elásticos seus elevadíssimos valores.